eleições,

Aliados temem que Ciro Gomes vire candidato folclórico, como Levy Fidelix e Enéas Carneiro

Aliados temem que Ciro Gomes vire candidato folclórico, como Levy Fidelix e Enéas Carneiro

16.09.2022 · 2 mins de leitura

A candidatura presidencial de Ciro Gomes não decolou. No momento, o candidato do PDT está empatado tecnicamente com Simone Tebet, do MDB, nas sondagens dos institutos de pesquisa mais respeitados do país. A situação tem causado apreensão entre aliados políticos e candidatos do PDT, que começam a sentir os efeitos do desgate com eleitores que enxergam no “voto útil” em Lula a chance de impor a Bolsonaro uma acachapante derrota já no primeiro turno das eleições. Mais cedo, um grupo de pedetistas lançou um manifesto que acusa o candidato de ser “tóxico” e de não mais manter uma “sintonia fina com o campo progressista”. O manifesto vem na esteira de acusações de que Ciro teria decidido flertar com a direita bolsonarista.

E agora, Ciro?

Durante o período de articulações para 2022, tudo parecia dar certo para Ciro Gomes. É verdade que o então pré-candidato fracassou na tentativa de atrair aliados. Não conseguiu seduzir Geraldo Alckmin, por exemplo, que rejeitou proposta para se juntar a Ciro e criar o ‘Império de Pindamonhangaba’. Mesmo sem conseguir assegurar palanques, porém, Ciro viu caírem uma a uma as candidaturas dos principais concorrentes a porta-voz da “terceira via”, como João Dória, Eduardo Leite e Sérgio Moro.

Faltou combinar com os eleitores. A menos de um mês do primeiro turno, Ciro caminha para ter o seu pior desempenho em eleições presidenciais, pontuando muito abaixo de seu patamar histórico - nas eleições presidenciais de 1998, 2002 e 2018, obteve cerca de 12% dos votos. Hoje, orbita a casa dos 5%.

O bom desempenho na sabatina do Jornal Nacional chegou a animar a militância, que passou a acreditar nos tão sonhados dois dígitos, mas as pesquisas frustraram essas expectativas. Na realidade, Ciro começou a ver Simone Tebet cada vez maior no retrovisor, e o empate técnico com uma candidata vista como pouco competitiva tem sido considerado constrangedor por setores do mundo político. Para piorar, Ciro colecionou derrapadas desde então, como o afago a empresários cariocas em evento na Firjan, quando insinuou que moradores de favelas seriam incapazes de entender seu discurso.

Diante disso, começam a surgir questionamentos à candidatura. Se nada mudar até outubro, os votos em Ciro Gomes poderão poupar Bolsonaro de uma derrota avassaladora no primeiro turno, humilhação inédita para um presidente em exercício no Brasil. Há quem acredite que isso causaria um prejuízo irreversível para a imagem de Ciro e do PDT entre os eleitores de esquerda, a base natural da agremiação.

Ciro, porém, não considera retirar a candidatura, que tem lhe garantido, se não votos, pelo menos uma exposição considerável na imprensa e nas redes sociais. O político diz não ter a intenção de concorrer pela quinta vez em 2026, mas fez promessas semelhantes em outras ocasiões. Em 2018, por exemplo, disse que aquelas seriam suas últimas eleições. Parte do PDT receia que em busca de projeção pessoal Ciro acabe por se tornar um candidato folclórico que mesmo sem chances reais carimbe presença nas eleições presidenciais, a exemplo de nomes como Rui Costa Pimenta (PCO), Levy Fidelix (conhecido pela proposta do aerotrem), José Maria Eymael (lembrado pelo jingle “um democrata cristão”) e Enéas Carneiro (famoso pelo lema “Meu nome é Enéas!”).