13.09.2022 ·
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Depois de tentar demonstrar ímpeto e vitalidade durante os atos públicos do 7 de setembro, quando incentivou apoiadores a cantarem “imbrochável, imbrochável!” para si próprio, Jair Bolsonaro parece ter sentido o golpe da última pesquisa do Ipec (antigo Ibope), que mostrou o ex-presidente Lula ampliando ainda mais sua larga vantagem nas intenções de voto, o que reforçou a possibilidade de que a corrida presidencial acabe já no primeiro turno. Em vídeo divulgado pelo portal Metrópoles, um Bolsonaro visivelmente cansado declara que, caso perca as eleições, deixará de atuar publicamente:
A gente passa aí a faixa e vou me recolher, porque com a minha idade, não tenho mais nada a fazer aqui na Terra, né?
Parte do mundo político viu a declaração como apenas mais um recuo, na linha de outras manifestações recentes do presidente que, na esteira do fracasso dos discursos mais destemperados, tem adotado um tom mais dócil, inclusive com pedidos de desculpas. Admitiu nos últimos dias, entre outros erros, que foi “aloprado” e “perdeu a linha” em comentários anteriores sobre a pandemia da Covid-19.
Outros, porém, notam que Bolsonaro parece estar resignado ou mesmo deprimido. Gerou consternação, por exemplo, o anúncio de que o presidente deixaria o país em plena campanha para acompanhar o velório da Rainha Elizabeth II, na Inglaterra. Uma das hipóteses é que a viagem seja utilizada como um momento para espairecer, um descanso das demandas eleitorais. Após as declarações sobre sua vida pós-eleições, já há quem veja na mudança de discurso uma bandeira branca, um pedido de “arrego”. Sem conseguir reagir nas urnas, aliados de Bolsonaro temem que a partir do ano que vem o entorno do presidente possa se complicar na justiça, já que há incontáveis denúncias sobre casos ocorridos antes e durante o mandato presidencial.
Foi tudo em vão?
Para piorar, a derrota no primeiro turno seria uma humilhação sem precedentes para um presidente em exercício. Desde que a reeleição passou a ser permitida, todos os presidentes conseguiram se reeleger. Bolsonaro seria o primeiro a fracassar nessa tentativa. O vexame seria ainda maior porque Bolsonaro foi, de longe, quem mais gastou às vésperas do pleito, tendo esvaziado os cofres públicos com pacotes de bondades cuja legalidade tem sido questionada.